domingo, 11 de outubro de 2009

SAINDO DO ARMARIO


Ainda não sei se fiz bem ou mal. Só o tempo me dirá o efeito de sair do armário para duas mulheres neste final de semana. Inexplicavelmente todas as vezes que me revelei para alguém - e até hoje foram somente três vezes - foi com mulheres, amigas e que gosto muito. Este poste de hoje será sobre isso, quero deixar registrado no meu confessionário o processo de se revelar para essas três mulheres importantes para mim ou que participaram do contexto onde fui obrigado a me revelar ou me sinto confortável a este ponto.

A primeira é a M. Ainda em Belo Horizonte, estudando com um monte de 'santinhos', onde se falar de sexo é pecado e praticar, então, pior ainda. Ela é filósofa. Amiga, parceira, linda - confesso que a sua semelhança com a Ana Carolina - cantora e minha terapeuta nas horas vagas - me faz sentir atração sexual por ela. Quem sabe numa ida dessas a BH, na noite eu ainda não a pego? Voltando ao assunto... me sinta mal por viver em duas realidade e, principalmente, por vivenciar a homossexualidade a fundo em tão pouco tempo - em menos de um ano conheci toda a realidade gay da capital mineira - points, lugares de pegação, sexyclubs, cinema, matagais, etc. Meu contexto de criação do interior religioso de Minas me fazia vivenciar tudo aquilo com sensação de condenação cristã. Era o carimbo que faltava no passaporte para o inferno. Minha amiga M entra neste contexto num momento em que precisava parar e sair de BH. Decidido a largar tudo, resolvi tomando um açaí delicioso com essa amiga, me abrir com ela. Contar toda a minha experiência e correlacionar com os conhecimentos teóricos - historicos, teológicos e filosóficos - na tentativa de me sentir bem, entender o processo pelo qual estava passando. M tão carinhosa que é, um pouco pega de 'calças curtas' - acho que ela sabia, mas não esperava pela revelação tão direta - foi sucinta em falar religiosamente do amor de Deus pelas pessoas - para quem acredita em Deus (ou outro nome) ouvir isso é um bálsamo -, falar do contexto socio-cultural de influencia grego-romana na comunidade cristã pioneira, na época das epistolas paulinas, e principalmente em se demonstrar que poderia confiar na sua amizade ainda mais a partir daquele momento. Hoje, quase um ano após esse momento, sempre que chego ali em Belo Horizonte preciso encontrá-la. Saímos, tomamos açaí e nos revelamos mais um ao outro. Agora é a vez dela se revelar: divorciada disse que acredita que sua felicidade pode estar no amor em outra mulher. Meu gaydar estragou de tanto apitar. Amo a M.Ter saido do armário com ela me fez sentir naquele dia - e na semana inteira - a melhor das sensações, até mesmo melhor que muito orgasmo. Parecia que tinha tirado das costas toneladas e mais toneladas. Alívio. Respiro fundo e alegria no rosto estampada, por ter consigo articular toda a minha experiência e por ter conseguindo pronunciar tudo para alguém muito importante naquela contexto. Os ensinos filosóficos - principalmente o Mito da Caverna de Platão - estavam sendo colocados em prática na minha vida. Valeu a pena ter saído do armário para ela, com certeza!

As outras duas experiências são recentes. Uma na madrugada de quinta para sexta, e a outra ontem - sábado a tardinha.

AP, minha amiga de quinta-feira é muito gente fina. Porra-louca de tudo. Tipo Norminha. Mas não consigo não gostar dela. Nem dela, nem do Abel. Amo demais os dois. Mas pro Abel não me abri, e nem pretendo tão cedo, a não ser que AP quebre a confiança de ter me confessado para ela e lhe conte tudo, o que acho não irá acontecer. Eu bêbado com o vinho que estava no ultimo relatado, lá pelas 01:00 horas entro no MSN e ela está lá. Hoje mora longe de mim, pois com suas santices (não sei se é assim que escreve) tiveram que mudar daqui. Conversando sobre manias de homens, ela me perguntou se eu ja senti atração por homens. Respirei, tomei coragem e falei que sim e contei sobre meu primeiro e unico namorado. Tenho foto dele no meu orkut verdadeiro. Ela viu e ficou tirando duvidas - quem é o homem, como aconteceu e tal. Contei sobre Belo Horizonte superficialmente e ela me disse que respeita minha escolha, e que ama muito como amigo. Sei que a amizade dela é verdadeira porque, como na novela, minha amiga Norminha fora muito criticada quando sua traição foi revelada, e eu fui um dos poucos amigos que fiquei do lado dos dois, prevendo e querendo que o amor dos dois prevalecesse, como aconteceu de fato. Não me senti mal saindo do armário com ela. Acho que ela não trairá minha amizade. Pelo menos espero.

A terceira, M - diferente da primeira M. é minha amiga de trabalho. O burro aqui fez pegaçaõ no MSN no pc de trabalho e deixou a conversa salva. Como o meu computador é pessoal nao me importei. Acontece que fiquei doente e nesses dias ela utilizou. Encontrou uma conversa 'estranha' e as duvidas que tinha se concretizaram. O bom de M é que ela é super discreta e simpatizante da comunidade. Sou só mais um dos vários amigos gays que ela tem. Fomos na sorveteira ontem - sabado - a tarde e tomei coragem e perguntei o que ela tinha, porque ela só tinha me dito pra apagar as conversas do computador e ficou rindo. Ela falou o conteúdo da conversa, disse que já sabia desde o primeiro dia que tinha me visto e que me respeita como amigo e profissional. Selamos a amizade ainda mais, a consciência profissional de separar as coisas para se evitar prejuízos profissionais para ambos e depois disso confessamos um ao outro nossas taras, historias e outras coisitas. É uma pessoa com um historico familiar desestruturada, gordinha - e por isso sofre preconceitos velados porque é bem de situação, mas que é carente de amizade. Sei ser amigo e espero saber conduzir tudo isso com o tempo. É uma faca de dois gumes. Mas como diz, já que não tenho como negar - ela viu coisas reais - é melhor articular para que tudo fique bem para todos. Acho, espero sinceramente, ter ganhado uma amiga pro resto da vida. Um guiando o outro em suas dificuldades, limitações, angustias, rindo e chorando vida afora.

Uma vez li numa discussão em alguma comunidade gay que não se deve confessar estas coisas para mulheres. Pode até ser. Mas acho que com essas três mulheres se não havia a suspeita por parte delas em relação a mim, há uma história de amizade, de respeito da minha parte por elas. E espero sinceramente que em nome disto eu não venha a me arrepender de ter confessado isto para elas. Só sei é gostoso se abrir, falar de você mesmo, de sua realidade, do ser seu como é para pessoas especiais em sua vida, faz muito bem. É purificador. Renovador. Eletrizante. Bálsamo. Me senti como nosso amigo da foto. Me fez bem sair do armário. Com cuidado as pessoas que eu amo vão sabendo, e o melhor, pelo menos, respeitando!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

EU JÁ SABIA...



Amigo é amigo. Ficante é ficante. Namorado é namorado. Namorido deve ser namorido – não sei com certeza se é porque ainda nunca tive pra saber. O certo é que misturar as estações quase sempre não dá certo. Eu hoje tive convicção disto – apesar de não ser a primeira vez que acontece das estações se entrelaçarem e não dar certo.

Nesta experiência de hoje, o amigo, que é amigo, como ficante é um ótimo amigo. O que ele tem de gente boa – e ele realmente é gente boa – ele tem de ruim de pegada. Ainda bem que não evoluímos para nada além de alguns beijos, que por ser ele tão ruim de pegada, nem foram calorosos. Senti-me beijando um José Mayer, ou seja, até que você pega, mas não pega como se pega um Carmo Della Vecchia da vida. Aí já sabe o que acontece: a excitação vem, mas não se pode explorá-la porque o ficante – que é seu amigo – não sabe muito bem realizar ‘as coisas’ como precisam ser realizadas.

Pra completar, conversas pra lá, conversas pra cá, com o gosto de jiló na boca porque o poderia ter sido ótimo não foi e para piorar, você não quer magoar seu amigo, não pode sumir do mapa, enfim, vamos fazer cena, falar que bom, ressaltar as qualidades do próximo, fingir que o celular tocou e pedir pra sair saindo à francesa.

Como fico muito depressivo quando coisas deste tipo acontecem e preciso de uma boa dose de Ana Carolina, hoje queria encher a cara, cair de cabeça nas musicas mais terapêuticas que existem. Fui pro hiper-mega-ultra e único shopping desta roça onde moro com o objetivo certo: gastar meus 50,00 que tinha na carteira se preciso fosse para comprar o DVD Dois Quartos da Ana, pra poder dormir vendo essa raridade, chorar com “Aqui’ e com ‘Carvão’ tomando um porre daquele com vinho tinto. Passo na Livraria Leitura – isto mesmo, essa roça aqui por incrível que pareça tem essa livraria – e nada, só um vendedor meio homofóbico que ficou me olhando com cara cú depois que perguntei se havia esse DVD lá e nada. Apelei pras lojas Americanas – que em época da semana das crianças lota de pobres que andam pra lá e pra cá e não compram porra nenhuma -, olhei, olhei, reviverei tudo o que era DVDs e nada. Passei até na Dadalto e no Hipermercado unigênito do shopping e porra nenhuma de encontrar o bendito DVD.

Fiquei mais puto da vida ainda. Não rolou a pegada com meu amigo e não iria – como não vou mesmo – poder ver o DVD Dois Quartos da Ana. Vou ter que me contentar em ouvir os CDS – que boooooooooooooooooosta, tomando meu vinho delicioso, pra ver fico bêbado, esqueço os problemas, as cobranças profissionais, familiares, esse lance com esse amigo e essa noite trágica.

Eu já sabia... Quem mandou insistir e sair de casa? Fudeu!

sábado, 3 de outubro de 2009

VOU SORRIR PRA TRISTEZA AGORA


Não aprendi a lição. É comum aprendermos com o erro para que não venhamos a sofrer novamente pelo mesmo motivo. É natural procurar evitar que se caia duas vezes no mesmo buraco. É necessário sair pela tangente para não se machucar numa segunda experiência semelhante.

O meu erro, que acabo de cometer novamente, chama-se: inocência. Sou, e sofro novamente, por querer acreditar nas pessoas. Infelizmente tenho quase que instintivo em mim a facilidade de acreditar nos discursos das pessoas ate que se prove o contrário. E quase sempre, como foi agora, só vejo o contrário após sofrer, principalmente por me abrir para a pessoa, por querer ser somente feliz com alguém.

Mas, pior do que errar duas vezes o mesmo erro é errar por ser enganado num discurso feito por lobo em pele de cordeiro. Lucas (nome provavelmente fictício – já que, ao contrário de mim, ele não se abre, e nessa altura, duvido ate que seu nome seja este mesmo) se vestiu com o figurino que quero para mim: homem sincero, bacana, trabalhador e que quer algo sério.

O besta ingênuo aqui não precisou muito para se apaixonar, se entregar, se revelar, se doar mais do que devia. O besta ingênuo aqui foi sincero e intenso em seus sentimentos, em sua vontade de ser somente feliz, achando que encontrou um cara ideal para algo mais sério a ponto de envolver o coração, hoje colhe decepção, tristeza, frustração, e o pior de todos os sentidos, perceber que se hoje sofre é justamente porque foi ingênuo.

Não sei como será daqui pra frente, porque na busca de homens que são sérios e que sabem o que querem, provavelmente terei medo de entregar, medo de sofrer novamente com o belo discurso, com a boa apresentação e presença num primeiro encontro. Sei que pelo menos os que são diretos ao ponto e que desejam somente o sexo, são mais sinceros do que os ‘falsos’ bons mocinhos que querem também somente o prazer do sexo, mas que por baixeza de caráter, usam de todo um discurso para conseguir o que querem. E nesse sentido – sexualmente falando – nem tão bom Lucas foi.

Errar o mesmo erro pode ser burrice, errar o mesmo erro, por querer amar e ser amado por alguém que valha a pena é ser ingênuo demais, num mundo onde os homens camuflam vontades puramente sexualmente em discursos romantizados, se igualam a todos que querem somente prazeres e/ou experiências sexuais com outros homens, porém sendo mais baixos por usar de uma tática que brinca com o que não se deve brincar: o coração de alguém.

Lucas, você seguirá na minha vida, não da forma que antes tinha pensando... ao invés de uma grande paixão e uma grande historia de amor, você será lembrado como alguém que só quis brincar com meus sentimentos, e conseguiu. Parabéns! Não te desejo o mal, pois se há uma coisa que já aprendi nesta vida é que tudo o que plantamos aqui, será aqui mesmo que iremos colher.

Vou seguir minha vida, vou sorrir pra tristeza agora, vou viver os meus dias sem você!