sábado, 9 de janeiro de 2010

DOUGLAS, O MENINO DA LOCADORA, E O CARVÃO

Como é engraçada a vida, não é? Hoje, 09 de janeiro de 2010, as 09 horas de uma manha de sábado, estou eu aqui: sozinho em casa, assistindo DVD, vendo meu perfil no Orkut, lembrando da noite passada e sentindo-se estranho.

Vamos por parte. Há algum tempo atrás do perfil de um conhecido que é gay, encontrei o perfil do Douglas. Achei-o diferente. Novinho, mas com o corpo malhado, fortinho. O aspecto físico me chamou a primeira atenção. A segunda veio com a muúsica de seu perfil. A mesma que eu prefiro acima de todas as outras que a “minha” diva Ana Carolina um dia já compôs e gravou: Carvão.

E como diz a letra da musica, dali para frente fui me sentindo bem. Após a tradicional coragem de frente, pedindo que me adicionasse, começamos gradualmente a conversar, lógico que, num primeiro momento, sobre ela que nos uniu: Aninha.

Com o tempo ele me perguntou se eu era gay. Não sei explicar o porquê, já que toda minha conversa com ele foi por meio do meu Messenger social, e isso não é de praxe, me abri com ele. Assumi-me, e com o tempo fui ganhando sua confiança. Entretanto sempre senti algo nele. Parecia que ele tinha algo pra contar, mas que por ser inicio de amizade não confiava em mim a ponto de fazê-lo. Quase que certo que ele se já não era, queria muito experimentar.

Com pouco tempo ele me disse que trabalhava numa locadora num bairro distante em minha cidade, mas que não passaria o endereço. Como que querendo, um dia ligou para mim da própria locadora, com isso consegui o telefone de lá. Através de nossas conversas sabia o horário em que ele não estaria lá. Retornei a ligação e fazendo-me de desentendido consegui o endereço com o dono da locadora. Após dias pensando em fazer isto ou não, decidi no dia 24 de dezembro subir na minha moto e ir até lá conhecê-lo pessoalmente.

Com isso provei-o que consegui encontrá-lo e que estava interessado em aproximar minha amizade com ele. Realmente conversamos sobre tudo na internet e eu sempre jogando uma e outra, em meio a brincadeiras, para que ele se soltasse. Na locadora, me tornei cliente, não com a intenção de passar a locar filmes do outro lado da cidade, mas sim para que ele tivesse meus dados e assim demonstrasse-o que confio em sua amizade.

Filmes engraçados, músicas de Ana Carolina e sua apresentação de final de ano no especial de Roberto Carlos, sempre estiveram na pauta, desde o natal até hoje. E sempre eu me abrindo, falando mais de mim, das minhas experiências, respondendo suas indagações.

Ontem meus familiares viajaram para longe. Com a oportunidade montada, convidei-o para passar a noite aqui em casa. E ele veio. Assistimos muitos DVDs musicais, principalmente de Jennifer Lopez, que ele adora e também de Ana. Confiando em minha amizade, e tomando sorvete, Douglas resolveu se abrir. Disse que já teve uma única experiência sexual com um cara, que mora no Rio de Janeiro, que conheceu pela internet. Disse que não fez penetração, mas que beijou e deixou ser chupado por este cara. Finalmente saiu do armário comigo, mas muito constrangido. A partir dali pude brincar mais, falar mais bobeiras. Mas continuamos somente amigos.

Na hora de dormir, comuniquei-lhe que seria em minha cama nova, de casal que comprei no final do ano. Já tarde da noite, entre o sono que se aproximava, deixei-me fazer carinho em seu corpo, e ele retirava a mão, dizendo que já sabe que não curte homens e que veio para minha casa somente pela amizade.

E foi mesmo – se não foi, sua timidez o impediu – passamos a noite falando bobeiras e sono chegou. Hoje de manha acordei mais cedo que ele. Deitado ao seu lado, peguei em seu pênis que estava duro, porém ele dormia. Não tenho certeza se estava dormindo, desconfio que não. Mas peguei. Quase lhe fiz um oral, mas preferi não. É muito estranho. Após tanto tempo no meio gay e ter passado por tantas experiências, tão intensas, algumas ótimas, outras um tanto marcantes negativamente, vi em Douglas o meu passado. Um menino de quase 19 anos, que conheci já desde o inicio dando a cara, meus documentos, contando minha vida e abrindo minha casa, minha cama para ele. Somos amigos e assim será. Como tudo o que vivo é profundamente, hoje decidi com o Douglas ser oito ou oitenta, tudo ou nada. Se passarmos da amizade será valer – e acho isso difícil. Sinto-me estranho, com a sensação de já ter vivido algo parecido e ter sido abusado. Devem ser complexos que preciso aprender a trabalhar melhor.

Douglas, o menino da locadora, e o carvão.

Não sei quem é você, e a uma dessas, nem eu mesmo!