segunda-feira, 7 de setembro de 2009

VOU QUERER ME MATAR



Covarde! Sou covarde! Muito covarde! Que raiva eu tenho de mim mesmo! Raiva de tudo o que faço comigo mesmo. Raiva de ser tão frouxo, tão imbecil, tão otário por repetir novamente o mesmo ato que me traz dor na alma, que me machuca por dentro. Como posso ser tão besta a este ponto?

Hoje se eu pudesse pedir alguma coisa a Deus – se é que ele existe mesmo – é que ele me matasse. Pode ser estranho para você que lê isto. Mas digo com todas as letras: se eu pudesse terminar minha jornada nesta terra a hora que eu quisesse, essa hora seria agora! Não mereço viver! Não mereço continuar vivendo! Primeiro porque não pedi para nascer, e segundo, porque não sei viver.

Não sei dizer não, não sei esperar, não sei desenvolver, não sei fazer sem me entregar por inteiro. Não sei desassociar sexo de amor. Excitação de paixão. Porque a cada homem que passa pelo meu corpo leva de mim a vontade de ser continuo, de ser algo além de que sexo, e deixa a tristeza na alma, ao detectar que não é isto o que acontecerá!

COVARDE!

Realmente, sou covarde!

“Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar”

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

COMO É DIFÍCIL SER GAY!



Bom, voltei ao orkut... novo perfil, com poucos adicionados. Pretendo manter poucos contatos, afinal de contas, mais do que nunca, para mim, quantidade não é sinônimo de qualidade. A cada dia que se passa percebo que um dos maiores erros que cometi na busca da experiência sexual com homens é a prática de sexo pelo sexo, com vários, em situações diversas. A 'fase de pegação', mesmo depois de passada, deixa marcadas na alma, e atrevo-me a dizer, no caráter (entendido por mim como aquilo que você realmente é, independemente das leituras que se possam fazer de ti) e na auto-estima, que sinceramente, se pudesse retornar aos primeiros dias, pensaria muitas vezes antes de fazer o que fiz. Hoje, depois do início efervescente de conhecimento do que é ser gay, sinceramente optaria por outra linha. Mas também não fico me lamuriando eternamente, pois também sou da filosofia que 'devo levantar arrependido, mas nunca frustrado por medo de não tentar'. As experiências da vida acarretam, sem dúvida alguma, valores que moldam e norteiam a continuidade da mesma.

E uma das experiências que vivenciei nas ultimas semanas me fizeram escrever esta postagem. Por algumas semanas, na realidade, em dois meses, por intermédio de uma amiga de trabalho, pude conhecer um rapaz que me despertou o interesse. Num show da Claudinha Leitte foi o nosso primeiro contato. Como meu 'gaydar' ainda funciona, na hora pude detectar a realidade - até mesmo porque sei que essa minha amiga adora andar com gays. Naquela mesma semana, e com o auxilio da internet e do orkut pude ter acesso ao MSN deste rapaz. Um negro lindo, magro, com 1,92 de altura - ou seja, consegue ser maior do que eu - de uma fineza e de uma simpatia cativante, principalmente por ter dislexia, trocando as letras e ao perceber tal situação, fica nervoso e ai só sai pérolas. Tanto ele, como nossa trupe, leva a situação numa boa, mas sem perder a piada.

Já fomos, em grupo, pro cinema, pra barzinhos, churrasco... sempre em turma. Na realidade, acho, ou melhor, tenho quase certeza, que somos todos gays e minha amiga lésbica. Não me assumi ainda para eles porque tenho muito receio. Minha cidade é interior, sou relativamente 'conhecido' entre as personalidades públicas locais, e tenho cargo público político e sei muito bem que boatos dessa natureza podem derrubar muitas pessoas. Além disto, sinceramente, não consigo acreditar totalmente nas amizades deles. Sou mineiro, arredio, desconfiado até da própria sombra. Essa minha amiga, na realidade, é subordinada a mim no trabalho, e tal revelação produzirá uma bomba a sua disposição, caso no futuro, algo desagradável, principalmente para ela, aconteça.

Enfim, durante semanas eu e este amigo conversamos muito, todas as noites, as 20 horas, até que há duas semanas atrás, durante a conversa avançada tocamos no assunto: homossexualidade. Ele se abriu falando que já teve experiências e que hoje não se sente mais atraído por mulheres, e me perguntou sobre mim, eu, no impulso, disse que acredito no amor independentemente de gênero sexual, e que em razão disto, na normatividade social poderia ser classificado como um bissexual - coisa que já não sou mais.

Essa atitude trouxe conseqüências inesperadas e desagradáveis. A primeira é que ele sumiu da internet. Passei no comércio onde ele trabalha e logo percebi um ar de indiferença na conversa, mas afirmou que esteja sem internet em sua casa, o que me parece estranho, pois a cada meia hora seu perfil do orkut tem alterações. Ontem, nossa trupe se reuniu de novo para tomar uma cervejinha - eu tomo minha Coca Cola, pois não consigo beber cerveja, nada contra que consiga - e percebi um ar de desprezo, indiferença, tal estranho. Senti que para ele, naquela mesa, existiam somente minha amiga e nosso outro amigo. Era como eu não existisse, como se não tivéssemos conversado tanto tempo, sobre tantos assuntos diferentes. Tudo muito estranho.

Mas minha pior decepção foi por perceber uma personalidade que desconhecia. Tão vulgar, tão esdrúxulo, baixo, num comportamento tão, como diria, 'pintosa'. Senti-me mal, muito mal por estar naquela situação. Em alguns momentos, me perdi com os olhos fixos no movimento dos carros na avenida onde estávamos, relembrando nossas conversas, suas palavras carinhosas de um amigo para o outro, que percebi serem falácias, pois o que ele realmente queria era ‘fuder’ comigo.

Sinceramente, antes até pensei que ele poderia ser uma pessoa especial para minha estória. Mas como o conheci diferentemente de todos os outros que conheci com a finalidade puramente sexual, quis dar tempo ao tempo, conhecer mais a fundo, suas qualidades e defeitos. Felizmente ou infelizmente, pude presenciar tal situação.

Fico me perguntando: por que será que não encontro, nesse meio, pessoas de caráter, sinceras, que saibam manter relacionamentos respeitosos, onde o tempo seja respeitado para a evolução do envolvimento na relação? Será que existem poucos homossexuais maduros e que consigam enxergar a realidade nesta perspectiva? Que por sermos 'minoria' precisamos nos valorizar e não nivelar por baixo?

Falta romantismo, sensibilidade, retidão de personalidade, entendimento de que as pessoas são diferentes e que precisam de tempo para posicionar em seus relacionamentos a ponto de se abrirem, a ponto de confiarem uns nos outros. Acho que por causa dessa falta de respeito ao próximo, muitos, creio que a maioria, dos homossexuais está só, embora já tendo passado por muitas camas e braços...

Por causa deste comportamento é que se vê uma realidade, enquanto extrato social, ridicularizada pela heteronormalidade, por ver que os gays são muitas vezes escrotos, imorais, isto em público. O que não quer dizer os heterossexuais também não sejam. Mas para se conquistar políticas públicas de respeito ao extrato social gay é preciso, antes de tudo, se dar o respeito entre os próprios homossexuais, entendendo que o próximo não é somente o novo alvo para um sexo casual, e sim um ser humano, com história de vida, de dificuldade de aceitação pessoal e posicionamento social em razão disto, com sentimentos, com desejos de se encontrar alguém e viver algo positivo e construtivo, além de uma simples transa.

Como é difícil ser gay! É de se enlouquecer e dar ré na pista...