sábado, 16 de maio de 2009

O AMOR ENTRE MUNDOS DIFERENTES DÁ CERTO?

Há muito pretendo discorrer sobre o tema desta postagem: o relacionamento amoroso, entre dois homens, de contextos sociais diferentes – econômicos, culturais, acadêmicos, religiosos, etc – e a probabilidade de êxito.

Considerando o senso comum de que, por mais que tenhamos afinidades, somos todos diferentes em várias perspectivas, proponho analisar que alguns aspectos podem ser essenciais para se definir se um relacionamento tem futuro ou se deve ser repensado, ou mesmo nem iniciado. A premissa de que o ‘amor supera tudo’ é utópica, uma falácia. Quem dera se fosse o contrário. Infelizmente, não há amor que supere a falta de condições mínimas de vivência – ou mesmo sobrevivência. Digo especificamente de recursos financeiros para se alimentar, se vestir, morar.

Se existem condições financeiras diferentes este é outro dilema. Quem, por vezes repetidas, não se sentirá humilhado por ter seu companheiro – melhor posicionado economicamente – arcando com os programas sofisticados feitos em casal? Qual companheiro economicamente posicionado não se sentirá ‘explorado’ por bancar os momentos de diversão junto ao seu companheiro? Não coloco em cheque as questões sentimentais, mas creio que não há amor que suporte por muito tempo isto!

Pior do que diferenças econômicas são as culturais e/ou acadêmicas. Tais diferenças são sutis, mas seus efeitos cruciais. Quem recebeu este beneplácito da vida de ter uma boa formação como cidadão - ser educado, elegante, urbano, civilizado (não estou afirmando que não teve acesso a boa formação não tenha tais características necessariamente), ter acesso à bons livros, apresentações musicais, teatrais – e que tenha feito bom uso deste recurso, vive num mundo completamente diferente de quem tem como referência de cultura assistir Zorra Total na televisão sábado a noite. Não sabe quem é Shakespeare, nunca ouviu musicais internacionais, mal sabe falar o vernáculo nacional, o que dirá idiomas diferentes como inglês, francês, italiano e outros. As viagens seriam horríveis.

São mundos diferentes, que com uma vida acadêmica levada a sério por quem tem oportunidade, se diferenciam ainda mais. Como será o dialogo entre um médico e uma pessoa que completou ensino médio, quando muito – numa escola pública, cheia de suas imperfeições. De um advogado e um pedreiro, um balconista. Não que sejam profissões menores – creio que o alemão Weber estava correto e que o que vivenciamos é fruto de diferenciação social própria do sistema capitalista, com todas as suas vertentes – e que sejam pessoas que não possuam em si conhecimentos. O que não possuem é a oportunidade de agregar conhecimentos teóricos com os empíricos – destes sim são possuidores intensos. Não ter essa oportunidade interfere em diversos aspectos, inclusive em relacionamentos, entre eles, os amorosos. São contextos diferentes para se conviver. São gostos muito diferentes para conviverem hodiernamente. Exceto em aspectos meramente sexuais, creio que seja impossível se fortalecer um relacionamento amoroso entre dois mundos opostos como estes. Ultimamente, em relação à diferença religiosa, venho conseguindo vislumbrar tal possibilidade, desde que haja respeito pela escolha do companheiro. E respeito passa por ações práticas e não apenas por discursos e posicionamentos politicamente corretos.

Seria um bossal se fechasse a questão e afirmasse que tal possibilidade é impossível de acontecer. Como quase toda regra possui exceção – e esta a é – são raríssimos os casos onde o imenso esforço de alteridade é bem sucedido quando o amor une pessoas de contextos e classes sociais divergentes. Para ser sincero, desconheço casais gays assim. Sei que existem, raros, mas existem.

Anseio muito – e tomara que seja logo – encontrar alguém para vivenciar o amor, de forma mais intensa e prolongada do que a minha única experiência. Mas receio neste aspecto. Não que eu me considere melhor do que ninguém, muito menos rebaixo-me face à pessoas de nível social superior ao meu. Apenas quero ter esse cuidado: não deixar me apaixonar por alguém nem tão além, nem tão aquém de mim. Precisa ser parecido em alguns – se não todos, o que seria o ideal – aspectos. Apesar de saber muito sobre sexo e pouco de amor, sei que este último, ao contrário do primeiro, quando não dá certo, machuca muito e as cicatrizes levam tempos a fios para sarar.

Certo está o filósofo que disse que ‘os opostos se atraem, mas só os parecidos se completam’!

P.S: Lendo este texto, deixe sua opinião a respeito comentando abaixo, plis!


quarta-feira, 6 de maio de 2009

JÁ SEI OLHAR O RIO POR ONDE A VIDA PASSA


Comparar a vida amorosa a um rio é coisa de poeta. E dos bons. Tal como rio, forte em suas correntezas, belo em magnitude e marcante como são suas águas assim é o amor. E como é difícil falar sobre amor. Verbo de quatro letras que é inexplicável com o uso de todo um alfabeto, vocabulário, signos, línguas e expressões. Para explicar o amor é preciso conhecê-lo, como também é necessário conhecer o rio, para poder nele mergulhar.

Mergulhar no amor é necessário, edificante, vivificante. Não obstante, tal como o rio é perigoso pelo simples fato de suas correntezas serem desestruturadoras. E se a vida é o conjunto de realizações pelas quais se contempla a capacidade de amar, para se viver é necessário coragem para amar, para dar e receber amor, para se doar, para olhar o próximo.

A vida é amar. Sem amar não se pode viver, com toda a intensidade de sua complexidade. Quem passa pela vida sem um grande amor não viveu, existiu. Viver é se arriscar. Arriscar a conhecer outras pessoas e se deixar ser conhecido. Viver é ser forte para encontrar mais decepções do que realizações nas correntezas do rio do amor.

Tudo o que eu quero hoje e para sempre é poder viver um grande amor. Arrebatador, que, de tão forte mudasse toda a minha existência até então, tão forte a ponto de superar dificuldades de distancias, de preconceitos, de defeitos, de se manter. Um amor que faça da minha vida realizada, porque dei tudo o que tinha para alguém que soube me dar valor, soube valorizar o que conseguiu cativar e por isso, ter a capacidade de lutar para mantê-lo.

Como do amor ainda estou aprendendo, meio perdido nas correntezas opacas que encontro, continuo olhando o rio pelo qual a vida tem me levado, na esperança de que, um dia, nas esquinas atravessadas, minha vida seja atravessada pela força do rio do amor.