segunda-feira, 29 de junho de 2009

ORAÇÃO AO TEMPO



Primeiro quero me desculpar por demorar passar por aqui. Desde que voltei das férias, minha vida profissional deu uma guinada. De reles serviçal virei chefe, vi meu salário triplicar, pessoas que nem olhavam para meu rosto hoje me cumprimentam pelo nome, me chamando de senhor, e eu com apenas 24 anos. Confesso que a falsidade destes é engraçada. Sei que estou preparado teoricamente para a sua função agora a mim confiada. São anos e anos de estudos, cursos, mas a prática tem sido um pouco diferente, principalmente pelos detalhes inesperados... mas superáveis!

Mas não é sobre isso que quero falar. Por estar quase sempre tempo para nada, em razão dessa fase de readequação profissional, resolvi hoje passear pelo shopping – detalhe, o mega, hiper e único shopping da minha cidade; sarcástico isso – e entre seus inúmeros poucos corredores procurando um celular que comporta dois chips, me deparo com minha ex namorada, que não via há mais de dois anos.

Que sensação estranha! É como se um filme voltasse rapidamente à mente, trazendo na alma as recordações de um heterossexual que já não existe mais, de uma pureza que se perdeu pelo caminho, de um mundo encantado que desabou e que parece não mais voltar eternamente. Rapidamente também passa pela mente os inúmeros – menos de 100, acho! – homens que já passaram pela minha vida, após este relacionamento, entre beijos, sarros, sexo com e sem penetração e outras experiências sexuais.

E o pior, a sensação de que eu era mais feliz quando hétero, justamente porque mesmo em duvidas sobre a homossexualidade, tinha um relacionamento de carinho, de afeto com alguém e não puramente sexual como tenho somente encontrado no meio gay, mesmo os que vem embutido no discurso: cansei da vida gay!

Por outro lado também pensei que de alguma forma minha escolha por não continuar aquele relacionamento fez bem, pra ela, obviamente. Pelo menos não carregarei a responsabilidade por estragar a vida daquela linda mulher. Não sei se ela é feliz, seu semblante continua como sempre, ofusco. Porém percebo que hoje, depois de dois anos, ela tem seguido a sua vida, com outras companhias. Poderíamos ter sido dois infelizes se a relação continuasse.

Só sei que de tempos em tempos paro para repensar a vida, para analisar como tenho me guiado – ou deixado a vida me guiar livremente. Profissionalmente hoje, graças a Deus, estou bem, feliz dentro das circunstancias em que me encontro. A possibilidade de continuidade dos estudos existe e em breve ocorrerá. Falta-me resolver isso: volto a heterossexualidade, sabendo que não sou totalmente isto? Permaneço na homossexualidade, mas vazia e sem um relacionamento que valha a pena? Adoto o celibato na intenção de um dia encontrar alguém – homem ou mulher – que me possa realmente me fazer realizado, ou não
?

Duvidas... é a minha oração ao tempo!

Um comentário:

Spark disse...

Mas tua vida é parecida com a minha.

Tenho 24 anos e me chamam de senhor,,,, mas o que pedem de favores e emprestimos, não é facil. As vezes até amigos vem com esse papo.

Temos que ter cuidado com a exploraçãoo e saber dizer "não".

Mas também fica uma dúvida minha: "Como saber se não estou pensando somente em dinheiro e deixando os amigos", ou, "como saber se estou sendo somente enganado?".

Quando se sobe na vida, fica difícil saber quem é quem.